segunda-feira, 21 de julho de 2014









ADEUS

a impressão 
que se tem é que todos os lados estão puxando 
seus gatilhos bem para trás... 
um cheiro de catarse no ar, eu sinto... e mais,
uma poça, dentro da constituição 
de Ulysses e Tancredo, e até do Sarney,
um medo das masmorras: cadafalço da paixão,
e você tão sem Deus, sem rei,
um povo que não se rebela revela, medos incontornáveis,
o medo, eu sei,
poucos ateus, nenhum gay,
as uniões instáveis; e o medo, eu sei...
todos já vimos essa canção, em Guantânamo,
andando na prancha, ou no exílio, em Paris,
queremos nossos filhos intactos,
mas o medo, sem chancela, e a constituição, sem juíz,
bem na minha mão, as deles, 
um dia serão mãos de um dos seus,
meu coração é um úmido calabouço de ilusões... mas por agora,

fuja, esconda seus sonhos, adeus!

     photo: kiko nazareth

SALVADOR
deve estar escondido, longe dos olhos,
protegido, reservado, bem cuidado, pelas águas,
vestido de guias, pai das flores,
 longe para que não se arrisque, 
senhor de todos os partos sem dores,
irmão daquele sorriso triste,
sequestrado pela senhora da boa esperança,
dono de alguém que ainda não existe,
não está longe,  como quem nunca se cansa...
uma história linda, um amor verdadeiro, 
silenciam os batuques, as casas de tolerância,
tudo por um ventre forrado de amor...
em candeais, em tambores, notícias do estrangeiro,
os Orixás ocultam a cidade, nos salvam da dor.















photo: kiko nazaret


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