segunda-feira, 2 de novembro de 2009


S E M   F U N D O


A corda muito grossa


Talvez fosse melhor caminhar


Sobre ela

Que dependurar-se
Sobre o
Vão...

Sessão de cinema,

Um anel e um perfume,

Doze signos, doze dedos,

Em mim
Presos
No
Chão.

Tem cor e cheiro,

Tudo seu é perfeito,

Sonho em tê-lo

Em mim,

Poço
Sem fundo.
photo: Kiko Nazareth



























Passado


Do silêncio enamorou-se minha solidão aprazível.
Veio profundo e irresponsável,
quase soberbo, mas ainda frágil, no fim.

Caem em mim as frondosas palavras, palavras de abandono, e então,
minha solidão não é tormento, não tem dono,
espera e não é rotina, não mata, desmonta.

Tamanha precisão vem da conta, que ninguém vai pagar...o passado
escondeu-se numa esquina da sua incômoda, desfocada e esquecida juventude, numa gaveta emperrada, esperando ver o mar, o píer, como que pela primeira vez...

Nossos sonhos vão arder naqueles tangos
que apenas cantarolávamos,
vão brotar como limo ao redor do seu bordado, com fome,

por cima do seu brasão,
o passado oculto, um pecado futuro, um amante ofendido,
uma entidade sem nome, o passado veio, então.

photo: Kiko Nazareth

























O Portal Morno


O relógio
perdeu seu ponteiro
e você, cadê?...
um minuto cheio,
segundos se vão,
e neste cativeiro,
com a hora errada,
voltam tantas dores, insônia,
penso sem frear, e
em pesadelos,
reino num mundo são,
regulo ponteiros, fora de ordem,
desmaio,
tictac,
perco a direção.
Ao fundo um apressado grita, “esfola”,
outro grita, “mata”.
Acordo.
Mais uma segunda-feira,
e meu desejo adormece,
quando criança pensava
que depois que chovia,
todo o mundo chorava um pouco.
Que toda hora era falsa, e sempre
trocava o calendário sobre o “portal morno”,
na verdade, o fogão...
Hoje, passam datas mastigadas,
sem emoção,
jogos de vícios, pânico,
mais desmaios, suor frio, durmo com medo,
muito medo,
depressão.


















abraço partido

a demora em ver os olhos
de quem um dia você ergueu nos ombros,
aquele ser quase seu, arquitetado em suas mãos,
aqueles anos,
tantos sins desleixados, quase nãos,
e o outrora interminável abraço, se quebrou...





photo: kiko nazareth

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