domingo, 1 de novembro de 2009

AR
Nosso amor é mais leve que o ar,
ele me trouxe até você, e agora vai me manter.
E não há nada que eu não faria,
cruzar a Terra, eu voaria,
para não ficar sem você...

...lhe encontrar, merecer viver ao seu lado,

que o passado me suspenda,
para nunca ver nosso amor afogado.
Tempo, já não há, mas nosso
amor é mais leve que o ar,
pode flutuar, se desdobrar,
para existir, mesmo no impossível,
no desconhecido,
vamos, por aqui, amigo,
passear pelo vazio.


 photo: kiko nazareth















verá

transformou
o ácido afeto
e o sórdido amor
escorregou,
transformou a ilusão,
em mais que simples foto
de noivado...
à realidade, não,
a essa nunca mais voltou,
...
agora vive feliz
nas sombras,
curou-se e é
nosso.

Nossa terra o
bem amou
e
tornou-o parte dela,
apesar de cego,
seu amor
combalido,
vai ajudar,
você verá.



   photo: Kiko Nazareth



A lua em Geribá

essa noite eu fui até a cozinha 
e pelo mosaico da janela
vi a luz dela 
sobre a colina de Geribá,
achei que era luz da rua,
mas era a lua,
a primeira de muitas,
de depois que voce se foi 
para nunca mais voltar.

mais tarde veio a chuva, 
sem trovão que avisasse, 
a primeira de muitas, 
e virão a lua minguante, a crescente,
retornará o verão, 
será o ano da serpente, e sobretudo,
a mágoa e o ódio não voltarão.

mas para que contar os dias?

presto atenção, já viajei com você e sei, 
e será que
pela América toda
se fala inglês? Da Nicarágua ao Paraguay,
até no Brasil...eu quero é falar com você, pai...
e mais uma vez, ele partiu.


dou meu braço ao contrário,
dou meu passo em um aquário,
quebradiço, a transbordar,
'en sueños soy una foca dorada',
asfixiada, no Canadá.
essa noite eu fui até a cozinha,
alma pequenininha, 
p'ra ver a lua de lá.
















Madrugadas

Plano, Monótono, Óbvio, Chato, Delicado
perfeito, mas não
de madrugada,
no escuro...
por trás de um muro de batidas
desencontradas...
São as madrugadas
que o trazem de volta;
descobertas montanhosas, excitantes, conturbadas,
e o frescor das manhãs
é ainda um dos meus pratos prediletos,
quando seu ronco
é um muro de graves batidas imprevisíveis,
quando a mistura dormida
encorpa e engrossa
nossos prazeres sem mais,
sem menos,
somos iguais,
plenos.

photo: kiko nazareth


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