quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O   N o v o



Mais uma velha história,

E uma versão inédita,

Um retorno ao infindável,

Mais um pontapé

Num animal já morto,

Outro pedido de desculpas,

Outra multa,

Um passo em falso,

Onde nunca houve verdade,

Nem novidade.



 kiko nazareth













p e q u e n o s    s o n h o s


Eu construí uma estrutura,
um palco estreito sem parapeitos,
com partes do meu corpo,  uma armadura,
coberta por  lama fresca, de um tom escuro,
parecendo um monte de lixo verde, mas era um muro. 
Uma parede.

Eu construí uma parede de rancores, acostei-me sobre ela;
meu alimento sou eu mesmo, e,  às vezes, disfarçado, tomo a estrada;
distraio os mortais, com minha vida desregrada,
provoco  os exilados. os foragidos,

Construí uma nau, que pudesse abrigar os loucos,
os que se julgam perdidos,
De dia, sou o piloto, um pirata navegador,
consolo os nativos contando alguma longa e tola história,
à noite, seduzo os vivos, sem parapeitos, sobre minha parede-cama:  
são pequenas máquinas de fazer amor, os homens,
com seus pequenos  sonhos de glória e fama.






photo: kiko nazareth


















Ele me perguntou na língua do “se”...
Tocou-me, e pensava em mim
Quando gozou...
Ele desviou o olhar
Da minha ilhazinha...(senti como a sedução tem limite).
Paixão aterrada,
Que medo, que nada,
Paixão das boas,
Daquelas que enterra a si mesma,
Que dorme e sonha,
Acorda e vira loucura...
Ele me procurou pelos jornais, no começo,
Depois nos vizinhos,
Nos filhos,
Me procurou na mulher,
Que não o procurava fazia tempo.
E eu, na minha pequena ilha
De saudade e resignação...
Ai, que dor no coração
(se apaixonar por homem casado!)






Homem  Casado







































Irmã





 photo: Kiko Nazareth

Escuta, adorada alma,

Este trovador,



Talvez não o maior, ou melhor, ou mesmo merecedor,
Reconhece que há de haver quem o seja,

Que guardem as boas sortes, e os espíritos da natureza,
Esse seu coração de vidro, e sofredor,
Tão mais bondoso, desapegado e acolhedor que 
Este aqui, relegado à  rudeza,

E se  
parti a rir do mundo, um dia,
Sem preocupações com o resto de nós,
Quisera agora eu
Houvesse todo o mal entendido, apenas durado
Um instante,
Por que nunca quereria sua lagrima triste, que se pudesse escolher
Daria ao meu bem-querer, amiga, irmã,
De volta, tudo o que não desejei ter tirado,
E que, com coração combalido, rasgado, limpo e deserto, 
agora rezo, imploro pelo afeto, que jamais saberei perder...







photo: Kiko Nazareth from Andre Camara's shot.

















Quase Sempre


Volto àquelas lembranças,

Tão especiais,

E nossas,

Tão nossas.
Passo a vida
A esquecer.
Mas volto
A você.
Depois de ter esquecido.
Hoje,
Eu quase sempre esqueço você.
Quase sempre...


photo: Kiko Nazareth
 






Mãozinhas

Há dentro de mim
Sustos de gente;
Gente importante
E gente anulada,
Vazia e impotente,
Sabida e ajeitada.
Há gente
Pelas paredes do meu
Existir,
E sinto suas mãozinhas
Escorregando
Através de todo meu corpo.





      photo: kiko nazareth







R e d e n t o r



Toda a vida

Aquela estação,

Mais de milhão
De quilômetros estados,
De metros,
Milímetros,

E aquele desgraçado!

Me trocou por uma noite de sono...

Mas não tem nada,

Eu sei perder, ele não...

Escuto meu trem, na estação.




photo: Kiko Nazareth







































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