vem da compaixão do cerrado,
do invisível mascate cobrador,
do casamento entre irmãos gêmeos,
da razão do não compelido amor,
da sorte do bêbado solitário,
da extensão da arte de contar historias,
da traição entre crianças,
dos homenzinhos de Marte e suas glórias,
de coisas que não deveriam ser,
de coisas que não existem mais,
de coisas que escurecem as vistas,
e as mentes dos pobres mortais,
vem do mar tomando a costa, poluída,
vem nas manhãs com os ventos terrais,
colorindo o marfim, vem dos sais, de todas as praias,
a dobrar frágeis varais,
vem dos ventres assaltados, em nome de quem?
vem a galope, em tapete voador, das religiões robustas, enigmáticas,
outras misóginas cheias de dogmas e terror,
vem disfarçado de indigente, zumbindo, agonizante,
à tarde descansa, acalma,
vem à tona, vem em paz:
coisas que desanuviam as mentes dos pobres mortais.
http://www.youtube.com/user/kikonazareth?feature=mhum#p/u/43/PxEtFhb7kMk
http://www.youtube.com/watch?v=PxEtFhb7kMk&feature=player_profilepage
M I S T É R I O
O que cheira a veneno
pode ser mesmo fatal,
e talvez nossos sonhos
sejam parte da mais pura verdade;
e viver pode nem ser tão sério,
ou não...
Tanto mistério
esquarteja minha alma.
Como aliviar minha existência
do peso duvidoso do viver?
photo: Kiko Nazareth
aquariano
um dia ele me pediu pra voltar...nunca tinha me ligado antes, ...eu voltei, por alguns instantes...ele era aquariano ...foi a ultima vez que vi o tal fulano...
partidas
e ainda que ninguém te envergue, ainda que não te entortes, ir até através do rio, do mar,
não
importa mesmo,
o Rio Tejo, ou o de Janeiro, partirás, e todas elas, as
partidas,
são pequenas mortes,
são o contrário das bodas,
e mal sobrevivemos ou respiramos, e tememos estar vendo um sorriso
derradeiro,
um último adeus,
teus amantes são todos posseiros, uma condição, um
sacramento, jamais dizem adeus. Uma paixão, uma união feita no céu, seguida por uma ágil dilaceração,
e logo a separação, com seus
lençóis e poesias, levando dos teus olhos, o brilho;
o amor é o vento contrário,
diverte o mato e troncos elásticos, quebra os laços feitos
de carvalho,
a manhã seca teus olhos, cobre as pegadas de quem se foi, e
assim caminhamos sobre os idos, os que já estiveram, caminhamos perdidos...
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